O antigo


Viu sua vida descrita em cada linha
Percebeu que aquela, já não mais existia
Releu versos simples, feitos por ela
Palavras que não a pertenciam mais

A escuridão sempre foi seu escudo
Sua armadura, um jeito de esconder seu olhar obscuro
O rosto inerte nunca fora um bom medidor
Era um sorriso disfarçado
Uma tristeza encarapuçada
Uma felicidade velada

Era sentimental... Em seu puro excesso
Não sabia controlar
Não sabia se deixar levar
Era como uma bomba-relógio, pronta para explodir

Passo a passo, caminhava tentando se esconder
Atrás do cabelo comprido, das largas roupas
Das cores escuras
Das caretas absurdas

Afogava-se em mágoas, que não tinham porque existir
Trancava-se num quarto sem privacidade
Não saía de casa e odiava o centro da cidade

Fazia questão de se afastar
Para que ninguém tivesse motivo para perguntar qualquer coisa...
Meros curiosos
No fundo, ela queria mesmo ser parte da paisagem
Só passagem... Discreta
Uma flor murcha no meio de tantas da primavera

Nunca soubera o que era amar
Mas por meio das músicas,
Achava que sabia

Ela era só uma adolescente
Achava que entendia o mundo
Era boba e iludida
E só hoje percebeu,
Que o mundo que ela costumava viver,
Não era nem um terço do que realmente costumava ser

Leia também: 

O mundo dos sonhos

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