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O mundo que não podemos abraçar

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Comece do começo. De um ponto que é possível. Daquilo que você sabe que pode abraçar e que não vai te prejudicar. Querer ajudar é bonito. Mas só quando te pedem. Do contrário, você é só mais um intrometido.  A gente passa a vida aprendendo. Começa a ver tudo com outros olhos. Olhos de 20 anos não enxergam o mesmo que os olhos de 30, nem de 40, nem de 50...  O que pode e o que não pode é muito relativo. Depende da educação, do seu ponto de vista, do seu entendimento e da sua vivência. No fundo não existe certo e errado. Existe o mais correto para uma situação... e só. Às vezes, para o que parece errado, basta uma explicação e, mesmo sem concordar, a gente entende.  As vidas são tão diferentes umas das outras que, por vezes, não tem como entender de imediato uma atitude ou reação. Cada pessoa esconde atrás de um sorriso uma ferida aberta que nem sempre ela sabe que está ali.  Até onde vale demonstrar aquilo que fazemos de bom? Para quê? E para quem? 

Sete dias

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Houve silêncio. Entre uma palavra e outra, curtos espaços. Suficientes para ela entender. Ela ouvia atentamente as palavras dele ao telefone. Com os olhos marejados e o coração desamparado, ela não podia acreditar. Sentou-se no sofá sem forças e sem saber se conseguiria se levantar. Enquanto escutava seu nome sendo chamado por aquela voz tão conhecida repetidas vezes, sentia seus pensamentos tão fortes e altos que não conseguia responder. Houve soluços. Houve dúvidas. Houve beliscões para ter certeza de que não era um sonho ruim. Não era. A realidade estava ali. Realmente, estava ali. Com a voz embargada, assentiu com a cabeça e disse que entendeu. Desligou o telefone sem saber direito onde se segurar, sem saber o que faria dali para frente. Um peso caiu sobre seu corpo, sobre sua alma. Uma sombra pesada. Denis era seu melhor amigo e veio com a pior notícia. Seu marido a segurou em seus braços. Vendo a palidez de seu rosto, ofereceu um copo de água. Água. Era só ág

Pare, pense e julgue menos!

Manter a aparência não é fácil. Ainda mais num mundo em que as pessoas julgam todos aqueles que respiram. É preciso se manter forte, não fraquejar, não dar brecha para que os outros palpitem sobre a sua vida. Mas não dá para ser assim o tempo todo, não é? Pessoas são pessoas. São humanos e fraquejam sim. Têm seus momentos difíceis e, nem sempre conseguem se manter fortes como os outros esperam que seja. O irônico é que, na mesma situação, pessoas são julgadas por aparentarem estar fortes. Sabe qual o problema? É fácil determinar regras na vida do outro, mas por não estar na pele dele, não ter as mesmas vivências e, principalmente, não ter a mesma opinião, ninguém tem o direito de falar nada sobre ninguém. Cada um tem a sua rotina, uma vida que nem mesmo a própria sombra sabe como é. Afinal de contas, todos mantêm algum tipo de privacidade (assim espero) e não saem por aí contando o que fizeram a cada cinco segundos que passa. Ou saem? Em tempos de mídias sociais, vidas expostas em

Do que está guardado

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O que você guarda com você? Está engasgado na garganta, posso enxergar. Pequenas partículas de mágoas estão ali espalhadas e te fazem tossir sem parar, até cortar o ar, a circulação do rosto aumentar e lágrimas rolarem por isso. Você diz que não é nada, mas só ao dizer isso sinto sua voz embargar, criando um nó nas palavras que você pronuncia. Você finge que não percebe, mas eu vejo. Sei que a mágoa é grande, e, o que você guarda não quer sair, mas por outro lado se impregna em sua garganta te fazendo mal, cortando sua voz e afetando seu poder de expressar o que sente. Eu sei também que não é fácil. Falar, por vezes, pode ser muito mais doloroso do que um golpe certeiro no estômago. Ou quase isso. Mas sei que ficar engasgado não é nada legal. Mas sabe de uma coisa? Não precisa ser de uma vez. Pode ser aos pouquinhos. Passo por passo a gente chega lá. Você sabe que a culpa não é sua. O ser humano é assim. Os ressentimentos, por vezes, são fortes em uns e outros, não. Se

O perdão

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Ele merecia mesmo era um mar de palavras feias jogadas em cima dele, para descontar toda a raiva que ela teve nos últimos tempos. A raiva que a corroía por dentro, causava taquicardia e fortes dores de cabeça. Olhou muitas vezes o recado recebido. À primeira vista, não sabia quem era. Ela havia apagado o número do celular dele de sua lista... Quis apagá-lo de sua vida, principalmente. Ficou confusa com a mensagem e só então observou a foto no aplicativo. Pensou em várias coisas para dizer. Quis cuspir na cara dele o quanto aquilo a atacou por dentro, quis xingar, quis bater. Mas ele não merecia nem isso, menos ainda uma resposta ou um olhar de compaixão. Não merecia o ar que respirava. Não merecia, acima de tudo, que ela ficasse daquele jeito por alguém que não significava nada para ela. Não mais. De um jeito quase relutante, decidiu perdoá-lo. Mas era só da boca pra fora, para mostrar que ela era maior do que aquilo, ainda que não fosse bem assim. Ele a traiu do pior jeit

Por um ano melhor!

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Depois de um ano (e mais um pouquinho) sem postar nada, vim tirar o pó e desejar um 2015 muito feliz!! Sem brigas e sem discussões! Todos têm um espacinho no mundo, ainda que pequeno. Pequeno porque esse espaço somos nós que conquistamos. É um processo lento, mas gratificante. São palavras e gestos que nos ajudam a conquistar cada pedacinho! A cada ano, temos aquela mania de fazer promessas pro ano seguinte. Eu mesma fiz muitas dessas. Escrevia vários itens num papelzinho bonito, com letra caprichada e deixava na minha carteira. Ali ficava até o ano seguinte. Não era surpresa perceber que o ano se acabou e das promessas, uma só – e olhe lá - tinha sido cumprida. Parei com isso. Decidi que estabeleceria metas ao longo do ano e tentaria cumpri-las assim. Posso dizer com toda a certeza que isso tem funcionado muito mais, porque eu sei que se escrevê-las num papel, logo serão esquecidas até o ano seguinte. Mais do que listá-las, é preciso que exista força de vontade. E

1999

1999. Foi o ano em que tudo aconteceu. Mariana estava com 21 anos, no auge de sua vida. Nunca estivera tão feliz! Seu namorado, Diego, tinha acabado de pedi-la em noivado. Nem seus pais sabiam da novidade ainda. Ela, o namorado e os amigos pegaram uma semana de folga no fim do ano e decidiram viajar para o litoral. Era dia 31 de dezembro e eles alugaram uma casa na praia para comemorar o Ano Novo. Saíram de madrugada. Na noite anterior, Mariana mal conseguiu dormir de ansiedade. Já começava a imaginar como seria os dias por lá.