O feriado
Dentro de um sonho, ouviu o despertador tocar baixinho. Era uma sexta-feira atípica. Ela não trabalharia naquele dia, mas se esquecera de desligar o alarme do relógio que tocava às 7 horas todos os dias da semana. Depois de alguns minutos, acordou um tanto assustada, achando que estava atrasada e pulou da cama. Contudo, logo se lembrou da merecida folga e voltou a encostar sua cabeça no travesseiro fofo comprado há alguns dias.
Virou para um lado, virou para o outro. Estava quente e ela não conseguiu mais dormir. A imagem de um pesadelo que teve durante a noite a atormentava. Levantou-se e passou a mão pelos cabelos bagunçados. Deu um longo suspiro, calçou os chinelos e seguiu em direção ao banheiro. Olhou-se no espelho por um segundo, prendeu o cabelo ainda embaraçado e saiu andando pela casa impaciente, escovando os dentes como era de costume.
Minutos depois, ainda de pijama, colocou a água do café para ferver. Ligou a televisão e se sentiu entediada, desligando-a logo em seguida. Naquele silêncio, sentou-se pensativa, ainda incomodada com o pesadelo da noite anterior. Pegou o celular, olhou-o bem e o jogou no sofá. Uma lágrima brotou... Decidiu dar uma volta. Pegou suas chaves e saiu deixando o celular em casa.
Era cedo e o ar ainda estava limpo. Saiu da cidade e pegou a estrada. A melancolia crescia. Ligou o rádio e a música antiga a fez se lembrar da infância. Sentiu nostalgia e preferiu viajar em silêncio, sem rumo.
Parou em uma praia, a primeira que conseguiu achar depois de se perder no caminho. Como não tinha muito tempo livre, raramente podia ir ao litoral. Estava com uma roupa fresca, típica de verão. Sentou-se aonde havia grama e ali permaneceu por algumas horas. Prestava atenção no barulho do mar e no vento batendo em seus cabelos. Percebeu um mundo perfeito e esqueceu-se daquela imagem do passado. Descobriu que a vida ia muito além das decepções, medos e aflições. Descobriu uma força dentro de si que não sabia que existia, um sorriso que há muito tempo se escondia... E ali, deu o primeiro passo para viver de verdade. Sem restrições, sem limites...
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