O grande amor

Sabe aquelas meninas bobas que sonham com o grande amor? Eu era assim. Sei que nunca houve um cavalo branco com o príncipe encantado em cima dele, mas gostava de sonhar com o homem perfeito para mim.
Esperei o grande amor. Pensei tê-lo visto muitas vezes, mas logo percebia o meu erro. Tive alguns casos, um namoro. O primeiro e o pior. Não namorei ninguém por anos, não queria, fugia... Sempre procurava um cara “mais ou menos”, o idealizava, quebrava a cara e sofria sozinha. Eu desanimava, me desapontava e a tristeza me invadia de tal forma que ninguém conseguia tirá-la de lá. Foi assim por muito tempo. Passei a ter medo, insegurança, a não acreditar mais em quem me dissesse frases formuladas para me encantar. Até que decidi que não valia a pena. Por vezes me envolvi já com a ideia de que não duraria muito tempo. Fui pisada e pisei algumas vezes também. Mas não me arrependo de boa parte de tudo.


Sempre me disseram que o "cara certo" apareceria quando eu menos esperasse. E isso me desanimava mais ainda, pois eu, menina que gostava de sonhar, sempre esperei... Esperei demais das atitudes que nunca condiziam com o que eu queria, esperei mudar alguém, esperei ser especial para alguém, esperei tanto que cansei de esperar. Desisti. Por pouco tempo. Sempre aparecia um “cara X” para eu mudar de ideia.
É estranho. Era bom ter essa sensação, ainda que não correspondida. Eu gostava de sonhar e de escrever sobre isso. Sempre foi assim. Acho que o meu maior prazer estava em descrever aquilo tudo que eu sentia. É, eu usei as pessoas... Mas sofri sozinha, se é que isso pode servir de consolo. 


E aí mudei meus conceitos sobre tudo... Vi que o eterno nunca foi eterno e que o "para sempre" nunca existiu. Desanimei mais ainda. Pensei em todos que conhecia. Lembrei de seus relacionamentos. Pensei nos términos e no sofrimento. Decidi! Não queria aquilo pra mim. Comecei a investir em outras coisas e foquei nisso. Uma delas era o trabalho. Gostava de ter responsabilidades, da correria, do gosto de precisarem de mim. Desliguei do resto do mundo e assim fiquei por um bom tempo.


Apareceram alguns casos, mas foram só casos. Paixonites agudas que não significaram nada, a não ser um pretexto para uma inspiração em textos sem real sentimento. Percebi que nunca tinha amado ninguém de verdade e nunca havia sentido nada muito forte. O que eu acreditava ser forte, não passou de um caso bobo de adolescente. Eu gostava da ideia e era só. Só fui perceber que não era tão intenso assim quando descobri algo maior que eu. Aquilo que observava de longe, em uma realidade distante agora tomava conta de mim. E era estranho, era bom e ao mesmo tempo assustador e empolgante.


Quando dizem que a gente vai sentir que é pra ser e que aquilo é amor, poetas e músicos não mentem. Só não sabem dimensionar isso muito bem... Mas acho que jamais conseguiriam.


E quando o amor caminha ao seu lado por anos enquanto você se desgraça com casinhos banais, você sente raiva por não tê-lo conhecido ou se envolvido antes. O que muitos não entendem é que aquele famoso clichê "nada acontece por acaso" é a explicação para tudo. O momento certo há de chegar. Ele sempre chega. Bate à sua porta quando você menos espera. E hoje, posso dizer que tudo que passei foi por um bem maior, afinal, foram estas experiências que me fizeram ver a sorte que eu tenho e permitiram dar mais valor ainda para o tal “cara certo” que muitos comentavam por aí.
E quem foi que disse que o príncipe encantado não existe? 

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